CUMURUXATIBA: PARAÍSO BAIANO

*Por Aline Viana

Cumuru_portalzoomDepois de sete anos sem férias, eis que chega o grande momento. O último dia útil de 2013 veio antes de dezembro terminar e o próximo só viria em meados de janeiro de 2014. O que fazer em 20 sonhados dias sem a necessidade de acordar cedo e cumprir uma agenda de compromissos profissionais? Viajar, claro! Mas após uma greve de férias, a melhor pedida seria sair do país? Não. Tudo que eu queria e precisava era ultrapassar os limites do estado de Minas Gerais e seguir ao encontro daquele que considero a mais impressionante maravilha da Terra: o mar.

Dezembro, época de chuvas torrenciais. Onde viver dias de luz, com festa de sol e barquinhos a deslizar no macio azul do mar? Bahia, claro! Longe dos points turísticos, que certamente estariam abarrotados de gente, a escolhida foi Cumuruxatiba, um vilarejo com pouco mais de 4 mil habitantes, que fica no Litoral Sul da Bahia, entre Prado e Porto Seguro.

A companhia não podia ter sido melhor. Fomos em dupla. A viagem foi feita por terra, de carro, dividindo a direção de tempos em tempos. A rota traçada no Google indicava a distância aproximada a ser percorrida e o tempo estimado do percurso a partir de Belo Horizonte: 821 km em 11 horas e 45 minutos.

Saímos nas primeiras horas da manhã de um dia branco, feito domingo. Passamos por João Monlevade, Coronel Fabriciano, Ipatinga, Governador Valadares, Teófilo Otoni. Pausa para o almoço. Seguimos por Nanuque. O calor já avisava que Minas Gerais ficara para trás. Cruzamos Teixeira de Freitas, Prado e, enfim, chegamos a Cumuru (como passei a chamar a cidade depois de me apaixonar por ela).

Um paraíso de belezas naturais, cultura local, raízes e costumes. Lugar de belas praias como Areia Preta, Rio do Peixe Grande, Rio do Peixe Pequeno, Moreira, Barra do Cahy, Dois Irmãos, Imbassauba e Japara; cenários emoldurados por falésias, coqueirais e amendoeiras entrecortadas por riozinhos. Praias praticamente desertas durante o ano todo, garantindo o sossego e a tranquilidade. O que eu buscava. Culinária excelente e diversificada. Roda de capoeira, grupos de percussão e apresentações artísticas diversas na praça. Influência indígena que dá cara e forma à vila de pescadores. Cumuruxatiba se diferencia das cidades vizinhas, como Prado, Caravelas e Alcobaça, pela rusticidade.

Ao longo de dias felizes e iluminados, ora pelo sol, ora pelas estrelas, o carro que nos levou até lá ficou estacionado o tempo todo. Férias do volante. Liberdade para o corpo. O melhor era caminhar na maré baixa ou percorrer as estradas de terra para explorar Cumuru.

Foram dias sem celular, sem relógio, sem maquiagem (inclusive sem o meu inseparável batom vermelho), sem grandes produções fashions, sem fazer as unhas, com os pés descalços, sem agitações noturnas; despertando com a luz natural do dia, caminhando quilômetros pela areia, escalando falésias em busca de paraísos reais…

De volta, fiquei com a cabeça tranquila, sabendo ainda mais quem eu sou e o que eu quero, livre de olheiras e com um bronzeado absurdamente lindo, a pele colorida pela deliciosa mistura de sol e mar.