ÔNIBUS X GRAVIDEZ

*Por Gabriela Duarte

gravida-no-onibusAndar de ônibus é uma rotina para a maioria dos moradores de Belo Horizonte. Apesar de não ser tarefa fácil, principalmente nos horários de pico, acabamos nos acostumando, muitas vezes, por ser a forma mais viável de locomoção até o trabalho. Entretanto, no último mês descobri que essa tarefa é ainda mais difícil para a mulher que está no início de uma gestação, enfrentando enjoos o dia todo.

Há mais ou menos um mês descobri que estava grávida, foi uma grande alegria cercada de muita emoção. Eu estava me sentindo ótima, até que começaram os terríveis enjoos dos primeiros meses. Nada para no estômago, todos os cheiros fazem mal e o “sacolejar” dos ônibus pioram ainda mais a situação. Eu não tive outra opção a não ser enfrentar o caminho dentro dos ônibus todos os dias, afinal, é quase impossível ir de carro quando o local do trabalho é em região central e não tem estacionamento. Um dos meus grandes desafios é sentar nos lugares preferenciais. Como a barriga ainda não está grande, as pessoas não cedem o lugar e eu não tenho coragem de pedir, sendo assim, o jeito é ficar em pé e passando mal no caminho.

Em um belo dia eu entrei no ônibus e eis que o único lugar vazio era um preferencial. Me sentei e estava concentrada em meus pensamentos para evitar enjoos fortes, quando de repente entraram três pessoas, um homem e duas mulheres. No início eu estava com os olhos fechados e não pude perceber que uma das mulheres estava grávida. As pessoas pararam em frente à cadeira em que eu estava sentada (era aquela perto da roleta, que só tem uma) e começaram a comentar entre elas que as pessoas são mal educadas e não cedem os lugares. Eu permaneci com os olhos fechados, afinal, eu também tinha preferência. Não sendo o bastante, o rapaz começou a dizer que as pessoas fingem estar dormindo ou não vendo as outras que realmente têm prioridade. Nessa hora eu não sei de onde veio a coragem, mas eu abri os olhos e disse para ele: “se essa indireta é para mim, não vai pegar, porque eu estou tão grávida quanto ela, e se não fosse o meu mal-estar, certamente eu cederia meu lugar, afinal, a barriga dela está muito maior”. Ele ficou sem reação e disse que a indireta era geral para o ônibus todo e não para mim.

Nessa situação não tinham errados, mas serviu para mostrar que as pessoas, na maioria das vezes, não respeitam os lugares preferenciais, afinal, no coletivo tinham várias outras cadeiras e ninguém deu o lugar à grávida.

Resolvi contar essa minha “andança” porque acredito que pode servir de inspiração tanto para as grávidas de poucos meses, que vão em pé passando mal e não têm coragem de pedir um lugar (essa situação é mais comum do que eu imaginava), quanto para ensinar aos que querem solicitar um lugar que a educação é fundamental em qualquer circunstância. Com respeito e amor ao próximo, viver fica muito mais fácil!