POSSO LEVAR SUA BOLSA?

Por Tathiana Oliveira

Corrente do Bem - Tathiana 0915Dizem por aí que “gentileza gera gentileza”. Na frase isso é muito bonito, mas na prática não é bem assim que acontece. O que mais encontramos pelas ruas da cidade, ao contrário, é a falta dessa característica. Há em um dicionário uma definição bem realista para a palavra: “comportamento distinto; em que há nobreza e/ou elegância: a gentileza é uma qualidade em extinção”.

Partindo desse conceito, há algum tempo, comecei a reparar as atitudes das pessoas, principalmente nos locais públicos. Faço meus trajetos em ônibus e me deparo com situações diferentes diariamente. A quantidade de gente que utiliza esse meio de transporte é enorme, portanto, não há cadeiras para todos. A maioria se espreme e se ajeita para percorrer o caminho em pé mesmo.

Eu poderia citar aqui inúmeros dilemas que a população enfrenta diariamente nos coletivos, mas vou me ater às bolsas e mochilas. Aparentemente isso não é um problema, sobretudo para as pessoas que estão sentadas e quando o ônibus está vazio, mas se o ônibus está cheio e as pessoas estão em pé…

Observo sempre as edições mensais do Jornal do Ônibus, uma publicação feita para os passageiros com informações “práticas”. Gosto da seção “Gentileza Urbana É”, que apresenta dicas dos próprios usuários para uma melhor utilização do transporte. Das sugestões, esta foi uma que me marcou: gentileza urbana é levar a bolsa de quem está em pé. Não me lembro bem se as palavras eram exatamente essas, mas o que guardei (e fiz questão!) foi a ideia.

Às vezes vejo pessoas que nem se preocupam com isso, têm disponibilidade para seguir essa dica, mas não o fazem. Pego dois ônibus diferentes por dia. No primeiro, muitas pessoas levam minha mochila. Não posso reclamar! Mas, no segundo, posso contar nos dedos as vezes em que alguém fez isso. Certa de que esse gesto faz bem, comecei a me policiar para fazê-lo também. Essa atitude tão simples de quem está nas cadeiras, quando possível, ajuda a dar mais espaço para os que estão em pé, deixando-os de certa forma menos desconfortáveis.

Gentileza urbana é isto, perceber a necessidade do outro e tentar supri-la de alguma maneira. Assim construímos uma corrente do bem, por meio de atitudes que influenciam e fazem sorrir, pensando no outro, ajudando e contribuindo para um espaço público melhor. A simples pergunta “posso levar sua bolsa/mochila?” pode, sim, gerar mais gentilezas no cotidiano das pessoas.