Se por um lado, a sociedade está mudando, constantemente, a forma de se comunicar, por outro, o mercado da comunicação busca acompanhar essas transformações e se reinventar. A dinamicidade inerente às redações de veículos e de agências se tornou um fator ainda mais importante com o advento da era digital, obrigando empresas e profissionais a reverem processos, formatos, conteúdo e meios. A internet, presente no cotidiano de 58% da população brasileira – conforme a pesquisa TIC Domicílios 2015 – e, especialmente, as redes sociais, dividiram as gerações em nativos analógicos e digitais. Em um mercado cada vez mais competitivo e líquido, jornalistas e assessores com mais tempo de experiência precisam se adaptar ao contexto dos bytes e da comunicação instantânea e integrada. A regra que vale para qualquer profissional é (re)descobrir os caminhos para uma comunicação mais efetiva e melhorar os relacionamentos com seus pares.
De acordo com a IAB Brasil, o investimento nacional em mídia digital chegou a R$ 9,3 bilhões em 2015 e a expectativa, até o fim de 2016, é subir 12%, alcançando R$ 10,4 bilhões. O resultado é que as pessoas, hoje, passam mais que o dobro do tempo conectadas à web do que à televisão e, naturalmente, as notícias também chegam a todo instante aos computadores, smartphones e tablets. Nesse contexto tecnológico, o público dos jornais impressos não aceita mais esperar até o dia seguinte para ler sobre um Projeto de Lei votado na Câmara dos Deputados ou sobre o aumento da inflação. A essa altura, as novidades serão outras.
“E o jornal impresso vai acabar?”. A resposta para a pergunta que sempre ressurge em debates e rodas de conversa é “não”. Contudo, os veículos precisam ter uma visão estratégica para entender que, mais que fatos simplesmente narrados, o público quer histórias – e isso pode ser ampliado também para a comunicação corporativa –, o acontecimento destrinchado, com uma roupagem nova e mais aprofundado.
A reestruturação faz parte do processo de transição. Foi assim com o rádio, quando a TV surgiu nos anos 1950 e, agora, deve acontecer o mesmo com o jornalismo impresso.
Consequentemente, dentro da comunicação corporativa, o digital também vem mudando o rumo das coisas. Esse segmento nacional de mercado, que segundo o Anuário de Comunicação Corporativa 2016, da Mega Brasil, movimentou entre R$ 2,2 bilhões e R$ 2,37 bilhões só em 2015, passa pelo desafio de implementar uma comunicação cada vez mais integrada.
O fato é que o setor como um todo – assim como acontece com os veículos de notícias – está se reciclando e fazendo experimentações, que passam, por exemplo, pela capacitação urgente de profissionais. Grandes especialistas de Comunicação Corporativa no Brasil defendem que a mudança deve ser profunda, a começar pelas nomenclaturas. O termo “Assessoria de Imprensa” já seria ultrapassado, afinal, onde está a imprensa, uma vez que qualquer pessoa pode ter um canal próprio de informação e produção de conteúdo na internet?
Atualmente, há um consenso que falta uma identidade clara para boa parte das agências. A tendência de ampliação do mix de serviços dessas empresas, ao se questionar “Quem somos nós?”, a reposta mais adequada talvez seja “Somos agências de Comunicação Corporativa”. Nesse setor, que emprega mais de 15 mil profissionais de diversas áreas, as fronteiras entre Assessoria de Imprensa, Social Media, Marketing Digital e outras especialidades se tornam mais tênues e todas convergem para pontos em comum.
A ampliação dos horizontes das agências exige compreender quais são as demandas reais dos clientes e o que o público quer ver e acessar. As marcas, mais do que nunca, buscam por conteúdo que tenha engajamento, originalidade e autenticidade para alavancar sua reputação. Nesse caminho, lançar mão de ferramentas, técnicas e recursos inovadores, como o storytelling, ajuda na comunicação com o público-alvo de modo que se veja como sujeito receptor da mensagem e não mais como mero objeto. É latente a necessidade de se apostar em uma comunicação mais híbrida e multimídia e menos segmentada, permitindo que o trabalho dos diversos profissionais que atuam nesse meio se complemente.
No mercado da Comunicação Corporativa, quem tem boas estratégias conseguirá se estabelecer. Cabe observar o número crescente de agências que estão se abrindo para atender o serviço público em diferentes esferas, tornando esse um dos principais filões de mercado dos últimos anos.
No turbilhão dessas mudanças, a relação “jornalista X assessor de imprensa” também precisa ser revista. Os follow ups e outras ações de relacionamento se tornaram ainda mais essenciais na comunicação desses profissionais com ofícios distintos, porém fundamentais na cadeia de produção de conteúdo.
Quem está na rotina dos veículos de mídia garante que os jornalistas não veem mais o assessor como alguém que atrapalha ou que liga na hora errada, mas como um parceiro que complementa seu trabalho. Em contrapartida, os assessores estão a par do enxugamento das redações da imprensa e sabem que para que um conteúdo seja emplacado, precisa ser relevante. Entretanto, algumas dicas podem ajudar o assessor na hora de negociar uma pauta:
– Seja um bom VENDEDOR, conheça bem a pauta que está oferecendo e o seu real potencial
– Seja realista e verdadeiro com o jornalista. Não prometa o que não pode dar
– Seja objetivo e mantenha a conversa fluida sempre que possível
– Conheça a rotina da redação e a linha editorial do veículo, bem como os jornalistas das editorias de interesse
– Não ligue em momentos de fechamento dos jornais
– A grande imprensa é somente um caminho, existem também os blogs e as redes sociais